"Os portugueses demoram a interessar-se pelo que faço"
Neste seu novo álbum, Pássaros Eternos, compôs a maioria das canções. Esse foi um objetivo traçado desde o início do projeto?
Acabou por acontecer. Eu tinha uma grande inibição em relação à ideia de escrever canções, como venho desta família que tem tantos anos de estudos musicais, sentia-me muito envergonhada em abordar esse terreno, que é do meu pai [o maestro António Victorino d"Almeida] e da minha irmã [a violinista e compositora Anne Victorino d"Almeida]. Ao mesmo tempo este é o meu terceiro disco, já começo a ter muita experiência de palco. Além disso, a banda que agora me acompanha deu-me muita confiança e com eles comecei a fazer improvisações, porque tudo isto de criar, de compor canções, vem das parcerias.
Sente-se mais confortável em colaborar com outros músicos do que a trabalhar sozinha?
Sim, embora neste trabalho também existam músicas que são muito minhas, bastante intimistas, que têm que ver com experiências que vivi ou que são invenções pessoais, mas adoro o trabalho de colaboração.
Um dos convidados é o músico The Legendary Tiger Man, com quem já tinha trabalhado no passado. Têm uma grande cumplicidade?
Tenho uma grande admiração por ele e pela Rita [Redshoes]. Acho-os fantásticos e representam algo de muito bom em Portugal. São pessoas jovens que, apesar de todas as catástrofes culturais que se vivem neste país, continuam a ter um critério muito grande nas suas escolhas, uma curiosidade e um carinho muito próprios. Penso que essa é das coisas mais bonitas nos grandes artistas portugueses, e estou agora a pensar no Manoel de Oliveira, que é a coragem de seguir o seu próprio caminho, independentemente das dificuldades ou das críticas.